quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Os muros do mundo

O Muro de Berlim
Logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, os principais Aliados reuniram-se na Conferência de Potsdam (Alemanha - julho de 1945) a fim de decidirem o futuro da Alemanha. Entre outras deliberações, EUA, URSS e Inglaterra estabeleceram a divisão da Alemanha e de Berlim em zonas de ocupação militar que, poucos anos depois, deram origem à República Federal da Alemanha – RFA – Alemanha Ocidental – capitalista, e à República Democrática da Alemanha – RDA – Alemanha Oriental – socialista. A cidade de Berlim também foi dividida em zonas que, posteriormente, deram origem a Berlim Ocidental – cidade livre, e Berlim Oriental, capital da RDA. Observe os mapas seguintes e veja que Berlim fica inteiramente na RDA.
O Muro de Berlim foi uma barreira construída pela Alemanha Oriental- RDA. Circundava toda a Berlim Ocidental, separando-a da Alemanha Oriental e de Berlim Oriental. Além de dividir a cidade, o Muro simbolizava a bipolarização do mundo na Guerra Fria. Antes da construção do Muro de Berlim, mais de três milhões de alemaes orientais deixaram a RDA por meio de Berlim. A fim de estancar essa evasão e buscando forçar os aliados ocidentais a aceitaram a perda de Berlim para a RDA, os governos soviético e alemão oriental decidiram pela construção do Muro, isolando Berlim Ocidental por meio de uma separação física. A prosperidade do pós guerra na RFA e em Berlim Ocidental estimulou a imigração de alemães orientais que, em massa, procuravam fugir da ditadura e da probreza que grassavam no lado socialista. Levantado no dia 13 de Agosto de 1961, o Muro possuía 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas eletrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas de o atravessar.
Peter Fechter era um pedreiro da Alemanha Oriental, que, aos 18 anos, se tornou uma das primeiras e, provavelmente, a mais famosa vítima do Muro de Berlim. Ao tentar atravessar a fronteira entre as duas cidades, na rua Zimmerstrasse, ele foi alvejado pelas costas e morreu de hemorragia, sem que os guardas de fronteira da parte ocidental pudessem socorrê-lo.

Os aliados ocidentais, especialmente os EUA, mantiveram o apoio a Berlim Ocidental que, durante muito tempo, foi abastecida pelo ar, numa ponte aérea extraordinária que levava, da RFA para Berlim Ocidental, alimentos, remédios, combustíveis e outros.
Em 1989, a onda revolucionária que varreu o Leste Europeu provocou a derrocada do regime socialista. Após inúmeros distúrbios populares, o governo da RDA decidiu liberar o acesso à Berlim Oriental e à própria RDA. Era o fim de muitos anos de insensata separação, era o fim de uma das mais bizarras criações da Guerra Fria. Pouco depois da derrubada do Muro, ocorreu a reunificação das Alemanhas, sob a direção da RFA que encampou a RDA, formalmente firmada no dia 03 de outubro de1990. Berlim, unificada, tornou-se capital da Alemanha, também unificada. O socialismo e a divisão ficaram num triste passado.


O Muro da Segurança
Após os tratados de Oslo, feitos em 1993, Israel devolveu a Cisjordânia e a Faixa de Gaza para os palestinos. No futuro, a Autoridade Palestina seria alçada ao estatuto de Estado Palestino.
Em 2001, a proposta de construção de uma barreira física para isolar os palestinos de Israel foi apresentada ao parlamento israelense. Seus defensores alegavam a necessidade de uma proteção que pudesse garantir a segurança do Estado de Israel em relação aos sistemáticos ataques palestinos.
A linha do muro possui mais de 700 km e, em várias partes, passa dentro do território palestino, isolamento comunidades. Apesar das condenações internacionais, Israel manteve a construção do Muro. O muro é ladeado por uma faixa de 60 metros de largura em 90% da sua extensão, e a muralha chega a 8 metros de altura em 10% da sua extensão. A maior parte da barreira foi construída na Cisjordânia, e uma parte menor segue a Linha do Armistício de 1949. 12% da área da Cisjordânia ficaram no lado israelense. O Tribunal Internacional de Haia condenou o Muro condenou a construção e alegou que, sob pretexto de garantir sua segurança, Israel anexou terras do povo palestino. Para os palestinos, o Muro é considerado como o novo Apartheid ou o Muro da Segregação.


A Terra Santa não precisa de muros e sim pontes"
Papa João Paulo II - 2009

Documento de apoio –texto adaptado
O mundo vive um momento de comemoração vinda da Alemanha por conta dos 20 anos da queda do Muro de Berlim. Esta queda tem sua importância diretamente proporcional à importância da relação da economia alemã com o resto do mundo. Por isso o tamanho dessa festa, a grande festa do capitalismo. É um símbolo da vitória do capitalismo e com isso vem toda a pompa. Muitos países enviaram representantes para as festividades desta importante data, mas muitos desses países apóiam outros muros ao redor do mundo. Não cogitam a queda dos (outros) muros.
Todos sabem, e a ONU é testemunha, do avanço do muro que Israel vem construindo para isolar a Palestina. Este muro não respeita a fronteira reconhecida pela ONU. Sei que Israel precisa se defender de fundamentalistas islâmicos que agem contra seu povo, mas ao menos poderiam respeitar as fronteiras de outro país. Diferente do de Berlim, este muro está bem longe de ser derrubado, pois tem o apoio dos EUA, que usam seu poder de veto na ONU em qualquer iniciativa contra Israel.
Por falar em EUA, este também tem seu muro, que separa o México da Califórnia. O muro que separa a riqueza da pobreza e onde dezenas de pessoas morrem tentando cruzar a fronteira, como acontecia em Berlim 20 anos atrás. Este muro também não tem data para acabar.
A China, que tem um crescimento econômico grande, também sustenta um grande muro, o muro da censura. Todos aqui de fora só ficam sabendo das notícias boas de sua poderosa economia, mas lá dentro há muita pobreza e exploração do povo, coisa que o governo esconde atrás de um grande muro virtual.
Mas não precisando ir tão longe: temos os muros que estão sendo construídos para delimitar as favelas do Rio. Durante décadas o Estado fechou os olhos para as favelas e agora a solução para barrar seu crescimento foi a construção de um muro. É mais fácil e barato.
Ainda há no mundo muitos muros para serem derrubados, como o que separa as Coréias.
Enquanto a solução de muros estiver viva e ativa, a discórdia e o desentendimento ganharão força.
Fonte - http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2009/11/10/os-muros-ao-redor-do-mundo-914682344.asp

2 comentários:

leohenrique disse...

Muito legal professor.Uma vez em uma prova da Olimpíadas de Geografia caiu ma redação sobre esse tema, muito difícil, pq são tantos muros feitos por motivos diferentes, que não cabem em 25 linhas.

Clara disse...

Sensacional Newtinho!