segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

ENEM 2009 (PROVA REALIZADA EM DEZEMBRO DE 2009)
COMENTÁRIOS
HISTÓRIA
PROF. NEWTON MIRANDA




46 - O que se entende por Corte do antigo regime é, em primeiro lugar, a casa de habitação dos reis de França, de suas famílias, de todas as pessoas que, de perto ou de longe, dela fazem parte. As despesas da Corte, da imensa casa dos reis, são consignadas no registro das despesas do reino da França sob a rubrica significativa de Casas Reais.
ELIAS, N. A sociedade de corte. Lisboa: Estampa, 1987.

Algumas casas de habitação dos reis tiveram grande efetividade política e terminaram por se transformar em patrimônio artístico e cultural, cujo exemplo é

A) o palácio de Versalhes.
B) o Museu Britânico.
C) a catedral de Colônia.
D) a Casa Branca.
E) a pirâmide do faraó Quéops.

A questão tem dificuldade média, uma vez que exige um conhecimento além daquele que está no texto. O Palácio de Versalhes, cuja construção foi iniciada por Luis XIV, é um dos principais, talvez o principal, monumento representativo do antigo regime e explicita o apogeu do absolutismo francês.

Habilidade - Valorizar a diversidade dos patrimônios etnoculturais e artísticos, identificando-a em suas manifestações e representações em diferentes sociedades, épocas e lugares.

47 - O Egito é visitado anualmente por milhões de turistas de todos os quadrantes do planeta, desejosos de ver com os próprios olhos a grandiosidade do poder esculpida em pedra há milênios: as pirâmides de Gizeh, as tumbas do Vale dos Reis e os numerosos templos construídos ao longo do Nilo.
O que hoje se transformou em atração turística era, no passado, interpretado de forma muito diferente, pois

A) significava, entre outros aspectos, o poder que os faraós tinham para escravizar grandes contingentes populacionais que trabalhavam nesses monumentos.
B) representava para as populações do alto Egito a possibilidade de migrar para o sul e encontrar trabalho nos canteiros faraônicos.
C) significava a solução para os problemas econômicos, uma vez que os faraós sacrificavam aos deuses suas riquezas, construindo templos.
D) representava a possibilidade de o faraó ordenar a sociedade, obrigando os desocupados a trabalharem em obras públicas, que engrandeceram o próprio Egito.
E) significava um peso para a população egípcia, que condenava o luxo faraônico e a religião baseada em crenças e superstições.


As civilizações da antiguidade oriental utilizavam, freqüentemente, o trabalho compulsório (servil ou escravo). Tal forma de trabalho, no caso egípcio, foi fundamental para a construção das grandes obras que enalteciam o poder – político e divino – dos faraós. Vale registrar, por exemplo, que os hebreus foram escravizados pelos egípcios na antiguidade.
Habilidade - Valorizar a diversidade dos patrimônios etnoculturais e artísticos, identificando-a em suas manifestações e representações em diferentes sociedades, épocas e lugares.

48 - Hoje em dia, nas grandes cidades, enterrar os mortos é uma prática quase íntima, que diz respeito à família. A menos, é claro, que se trate de uma personalidade conhecida. Entretanto, isso nem sempre foi assim. Para um historiador, os sepultamentos são uma fonte de informações importantes para que se compreenda, por
exemplo, a vida política das sociedades.
No que se refere às práticas sociais ligadas aos sepultamentos,

A) na Grécia Antiga, as cerimônias fúnebres eram desvalorizadas, porque o mais importante era a democracia experimentada pelos vivos.
B) na Idade Média, a Igreja tinha pouca influência sobre os rituais fúnebres, preocupando-se mais com a salvação da alma.
C) no Brasil colônia, o sepultamento dos mortos nas igrejas era regido pela observância da hierarquia social.
D) na época da Reforma, o catolicismo condenou os excessos de gastos que a burguesia fazia para sepultar seus mortos.
E) no período posterior à Revolução Francesa, devido as grandes perturbações sociais, abandona-se a prática do luto.

No período colonial brasileiro havia uma preocupação das classes - consideradas dominantes – com a demonstração de seu status e prestígio no meio social, seja na vida, seja na morte. Assim, os funerais e os locais de sepultamento obedeciam e explicitavam uma hierarquia entre os homens.

Habilidade - Confrontar interpretações diversas de situações ou fatos de natureza históricogeográfica, técnico-científica, artístico-cultural ou do cotidiano, comparando diferentes pontos de vista, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos argumentos utilizados.

49 - A Idade Média é um extenso período da História do Ocidente cuja memória é construída e reconstruída segundo as circunstâncias das épocas posteriores. Assim, desde o Renascimento, esse período vem sendo alvo de diversas interpretações que dizem mais sobre o contexto histórico em que são produzidas do que propriamente sobre o Medievo.
Um exemplo acerca do que está exposto no texto acima é

A) a associação que Hitler estabeleceu entre o III Reich e o Sacro Império Romano Germânico.
B) o retorno dos valores cristãos medievais, presentes nos documentos do Concílio Vaticano II.
C) a luta dos negros sul-africanos contra o apartheid inspirada por valores dos primeiros cristãos.
D) o fortalecimento político de Napoleão Bonaparte, que se justificava na amplitude de poderes que tivera Carlos Magno.
E) a tradição heróica da cavalaria medieval, que foi afetada negativamente pelas produções cinematográficas de Hollywood.

O nazismo buscou símbolos do passado para a sua justificação. O nacionalismo exacerbado do nazismo recorreu, sistematicamente aos valores da formação do povo germânico e, consequentemente, ao processo de formação do Reich alemão que se desenvolveu desde o período medieval, quando surgiram os germanos e, posteriormente, quando foi inaugurado o I Reich (Sacro Império Romano Germânico).
Habilidade - Confrontar interpretações diversas de situações ou fatos de natureza históricogeográfica, técnico-científica, artístico-cultural ou do cotidiano, comparando diferentes pontos de vista, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos argumentos utilizados.

50 - Os regimes totalitários da primeira metade do século XX apoiaram-se fortemente na mobilização da juventude em torno da defesa de idéias grandiosas para o futuro da nação. Nesses projetos, os jovens deveriam entender que só havia uma pessoa digna de ser amada e obedecida, que era o líder. Tais movimentos sociais juvenis contribuíram para a implantação e a sustentação do nazismo, na Alemanha, e do fascismo, na Itália, Espanha e Portugal.
A atuação desses movimentos juvenis caracterizava-se
A) pelo sectarismo e pela forma violenta e radical com que enfrentavam os opositores ao regime.
B) pelas propostas de conscientização da população acerca dos seus direitos como cidadãos.
C) pela promoção de um modo de vida saudável, que mostrava os jovens como exemplos a seguir.
D) pelo diálogo, ao organizar debates que opunham jovens idealistas e velhas lideranças conservadoras.
E) pelos métodos políticos populistas e pela organização de comícios multitudinários.

As organizações nazifascistas caracterizavam-se pela intolerância e pela violência em seu discurso e na sua prática. Assim, tais armas eram utilizadas para combater os opositores da ideologia autoritária. Destaca-se nesse contexto, a Juventude Hitlerista.
Habilidade - Dado um conjunto de informações sobre uma realidade histórico-geográfica, contextualizar e ordenar os eventos registrados, compreendendo a importância dos fatores sociais, econômicos, políticos ou culturais.


51 - A primeira metade do século XX foi marcada por conflitos e processos que a inscreveram como um dos mais violentos períodos da história humana.
Entre os principais fatores que estiveram na origem dos conflitos ocorridos durante a primeira metade do século XX estão

A - a crise do colonialismo, a ascensão do nacionalismo e do totalitarismo.
B - o enfraquecimento do império britânico, a Grande Depressão e a corrida nuclear.
C - o declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações e a Revolução Cubana.
D - a corrida armamentista, o terceiro-mundismo e o expansionismo soviético.
E - a Revolução Bolchevique, o imperialismo e a unificação da Alemanha.


O aluno deverá saber quais os fatores – causas – que provocaram as tensões que marcaram a primeira metade do século XX. A revolução bolchevique, o imperialismo e a unificação da Alemanha, com certeza, levaram o mundo a um dos mais tensos momentos de sua história.

Vale registrar que o aluno deverá compreender o significado da palavra fator – causa.
Habilidade - Dado um conjunto de informações sobre uma realidade histórico-geográfica, contextualizar e ordenar os eventos registrados, compreendendo a importância dos fatores sociais, econômicos, políticos ou culturais.
52 - Do ponto de vista geopolítico, a Guerra Fria dividiu a Europa em dois blocos. Essa divisão propiciou a formação de alianças antagônicas de caráter militar, como a OTAN, que aglutinava os países do bloco ocidental, e o Pacto de Varsóvia, que concentrava os do bloco oriental. É importante destacar que, na formação da OTAN, estão presentes, além dos países do oeste europeu, os EUA e o Canadá. Essa divisão histórica atingiu igualmente os âmbitos político e econômico que se refletia pela opção entre os modelos capitalista e socialista.
Essa divisão européia ficou conhecida como

A) Cortina de Ferro.
B) Muro de Berlim.
C) União Europeia.
D) Convenção de Ramsar.
E) Conferência de Estocolmo.

A expressão cortina de ferro, utilizada pela primeira vez por Winston Churchill, primeiro ministro britânico, representa a divisão leste-oeste e o antagonismo entre capitalismo e socialismo engendrados na guerra fria.
Habilidade - Dado um conjunto de informações sobre uma realidade histórico-geográfica, contextualizar e ordenar os eventos registrados, compreendendo a importância dos fatores sociais, econômicos, políticos ou culturais.

53 - O ano de 1968 ficou conhecido pela efervescência social, tal como se pode comprovar pelo seguinte trecho, retirado de texto sobre propostas preliminares para uma revolução cultural. “É preciso discutir em todos os lugares e com todos. O dever de ser responsável e pensar politicamente diz respeito a todos, não é privilégio de uma minoria de iniciados. Não devemos nos surpreender com o caos das ideias, pois essa é a condição para a emergência de novas ideias. Os pais do regime devem compreender que autonomia não é uma palavra vã; ela supõe a partilha do poder, ou seja, a mudança de sua natureza. Que ninguém tente rotular o movimento atual; ele não tem etiquetas e não precisa delas”.
Journal de la comune étudiante. Textes et documents. Paris: Seuil, 1969 (adaptado).
Os movimentos sociais, que marcaram o ano de 1968,
A) foram manifestações desprovidas de conotação política, que tinham o objetivo de questionar a rigidez dos padrões de comportamento social fundados em valores tradicionais da moral religiosa.
B) restringiram-se às sociedades de países desenvolvidos, onde a industrialização avançada, a penetração dos meios de comunicação de massa e a alienação cultural que deles resultava eram mais evidentes.
C) resultaram no fortalecimento do conservadorismo político, social e religioso que prevaleceu nos países ocidentais durante as décadas de 70 e 80.
D) tiveram baixa repercussão no plano político, apesar de seus fortes desdobramentos nos planos social e cultural, expressos na mudança de costumes e na contracultura.
E) inspiraram futuras mobilizações, como o pacifismo, o ambientalismo, a promoção da equidade de gêneros e a defesa dos direitos das minorias.

A leitura atenta do enunciado leva o aluno à opção E. Em 1968 ocorreram inúmeros episódios em todo o mundo que levantaram bandeiras que ainda fazem parte de vários movimentos atuais, tais como o pacifismo, a defesa do meio ambiente, a luta pelos direitos humanos e das minorias, entre outros.
Habilidade - Dado um conjunto de informações sobre uma realidade histórico-geográfica, contextualizar e ordenar os eventos registrados, compreendendo a importância dos fatores sociais, econômicos, políticos ou culturais.

54 - Os Yanomamis constituem uma sociedade indígena do norte da Amazônia e forma um amplo conjunto linguístico
e cultural. Para os Yanomami, urihi, a “terra-floresta”, não é um mero cenário inerte, objeto de exploração econômica, e sim uma entidade viva, animada por uma dinâmica de trocas entre os diversos seres que a povoam. A floresta possui um sopro vital, wixia, que é muito longo. Se não a desmatarmos, ela não morrerá.
Ela não se decompõe, isto é, não se desfaz. É graças ao seu sopro úmido que as plantas crescem. A floresta não está morta pois, se fosse assim, as florestas não teriam folhas. Tampouco se veria água. Segundo os Yanomami, se os brancos os fizerem desaparecer para desmatá-la e morar no seu lugar, ficarão pobres e acabarão tendo fome e sede.
ALBERT, B. Yanomami, o espírito da floresta. Almanaque Brasil Socioambiental. São Paulo: ISA, 2007 (adaptado)
De acordo com o texto, os Yanomami acreditam que

A) a floresta não possui organismos decompositores.
B) o potencial econômico da floresta deve ser explorado.
C) o homem branco convive harmonicamente com urihi.
D) as folhas e a água são menos importantes para a floresta que seu sopro vital.
E) Wixia é a capacidade que tem a floresta de se sustentar por meio de processos vitais.

A resposta está no próprio texto, no qual se afirma que os índios Yanomami consideram que a floresta é uma entidade viva, dada sua capacidade de se autossustentar, o que é observado, por exemplo, na decomposição das folhas que caem das árvores. Esse processo vital é chamado pelos Yanomami de Wixia.
Confrontar interpretações diversas de situações ou fatos de natureza históricogeográfica, técnico-científica, artístico-cultural ou do cotidiano, comparando diferentes pontos de vista, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos argumentos utilizados.

55 - O fim da Guerra Fria e da bipolaridade, entre as décadas de 1980 e 1990, gerou expectativas de que seria instaurada uma ordem internacional marcada pela redução de conflitos e pela multipolaridade.
O panorama estratégico do mundo pós-Guerra Fria apresenta
A) o aumento de conflitos internos associados ao nacionalismo, às disputas étnicas, ao extremismo religioso e ao fortalecimento de ameaças como o terrorismo, o tráfico de drogas e o crime organizado.
B) o fim da corrida armamentista e a redução dos gastos militares das grandes potências, o que se traduziu em maior estabilidade nos continentes europeu e asiático, que tinham sido palco da Guerra Fria.
C) o desengajamento das grandes potências, pois as intervenções militares em regiões assoladas por conflitos passaram a ser realizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), com maior envolvimento de países emergentes.
D) a plena vigência do Tratado de Não Proliferação, que afastou a possibilidade de um conflito nuclear como ameaça global, devido à crescente consciência política internacional acerca desse perigo.
E) a condição dos EUA como única superpotência, mas que se submetem às decisões da ONU no que concerne às ações militares.

O encerramento da ordem bipolar foi acompanhado pela formação de outra ordem, ou melhor dizendo, desordem mundial. Inúmeros conflitos em várias partes do mundo, provocados por questões nacionalistas, étnicas, recentes ou antigas, assolam a humanidade. Os Estados Unidos são considerados como a maior potência mundial, mas não se submetem à ONU, como prova a invasão ao Iraque que não foi autorizada pelas Nações Unidas.
Confrontar interpretações diversas de situações ou fatos de natureza históricogeográfica, técnico-científica, artístico-cultural ou do cotidiano, comparando diferentes pontos de vista, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos argumentos utilizados.

56 - Na democracia estado-unidense, os cidadãos são incluídos na sociedade pelo exercício pleno dos direitos políticos e também pela ideia geral de direito de propriedade. Compete ao governo garantir que esse direito não seja violado. Como consequência, mesmo aqueles que possuem uma pequena propriedade sentem-se cidadãos de pleno direito.
Na tradição política dos EUA, uma forma de incluir socialmente os cidadãos é
A) submeter o indivíduo à proteção do governo.
B) hierarquizar os indivíduos segundo suas posses.
C) estimular a formação de propriedades comunais.
D) vincular democracia e possibilidades econômicas individuais.
E) defender a obrigação de que todos os indivíduos tenham propriedades.

O enunciado relaciona a cidadania à propriedade, portanto, a questão é de fácil solução, uma vez que a resposta está no próprio enunciado. Vale registrar a referência – implícita – às idéias de John Locke, pensador inglês que afirmava que a origem do governo está na preocupação dos cidadãos em protegerem suas propriedades.
Habilidade - Confrontar interpretações diversas de situações ou fatos de natureza históricogeográfica, técnico-científica, artístico-cultural ou do cotidiano, comparando diferentes pontos de vista, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos argumentos utilizados.

57 - Na década de 30 do século XIX, Tocqueville escreveu as seguintes linhas a respeito da moralidade nos EUA: “A opinião pública norte-americana é particularmente dura com a falta de moral, pois esta desvia a atenção frente à busca do bem-estar e prejudica a harmonia doméstica, que é tão essencial ao sucesso dos negócios.
Nesse sentido, pode-se dizer que ser casto é uma questão de honra”.
TOCQUEVILLE, A. Democracy in America. Chicago: Encyclopaedia Britannica, Inc., Great Books 44, 1990 (adaptado).
Do trecho, infere-se que, para Tocqueville, os norte-americanos do seu tempo
A) buscavam o êxito, descurando as virtudes cívicas.
B) tinham na vida moral uma garantia de enriquecimento rápido.
C) valorizavam um conceito de honra dissociado do comportamento ético.
D) relacionavam a conduta moral dos indivíduos com o progresso econômico.
E) acreditavam que o comportamento casto perturbava a harmonia doméstica.

A questão é fácil, pois requer apenas a interpretação do texto que contém a resposta. De acordo com Tocqueville, a moral está relacionada diretamente com o sucesso e a prosperidade dos indivíduos e da nação.
Habilidade - Confrontar interpretações diversas de situações ou fatos de natureza históricogeográfica, técnico-científica, artístico-cultural ou do cotidiano, comparando diferentes pontos de vista, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos argumentos utilizados.

58 - A definição de eleitor foi tema de artigos nas Constituições brasileiras de 1891 e de 1934. Diz a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1891:
Art. 70. São eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da lei.
A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1934, por sua vez, estabelece que:
Art. 180. São eleitores os brasileiros de um e de outro sexo, maiores de 18 anos, que se alistarem na forma da lei.
Ao se comparar os dois artigos, no que diz respeito ao gênero dos eleitores, depreende-se que
A) a Constituição de 1934 avançou ao reduzir a idade mínima para votar.
B) a Constituição de 1891, ao se referir a cidadãos, referia-se também às mulheres.
C) os textos de ambas as Cartas permitiam que qualquer cidadão fosse eleitor.
D) o texto da carta de 1891 já permitia o voto feminino.
E) a Constituição de 1891 considerava eleitores apenas os indivíduos do sexo masculino.

A questão requer, a priori, o entendimento da palavra “gênero”, que quer dizer sexo. Assim, ao comparar as duas constituições brasileiras, observa-se que a constituição de 1891 estabelecia o voto universal masculino, enquanto que a de 1934 instituia o voto universal, ou seja, homens e mulheres poderiam votar.
Habilidade - Confrontar interpretações diversas de situações ou fatos de natureza históricogeográfica, técnico-científica, artístico-cultural ou do cotidiano, comparando diferentes pontos de vista, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos argumentos utilizados.

59 - Para Caio Prado Jr., a formação brasileira se completaria no momento em que fosse superada a nossa herança de inorganicidade social — o oposto da interligação com objetivos internos — trazida da colônia. Este momento alto estaria, ou esteve, no futuro. Se passarmos a Sérgio Buarque de Holanda, encontraremos algo análogo.
O país será moderno e estará formado quando superar a sua herança portuguesa, rural e autoritária, quando então teríamos um país democrático. Também aqui o ponto de chegada está mais adiante, na dependência das decisões do presente. Celso Furtado, por seu turno, dirá que a nação não se completa enquanto as alavancas do comando, principalmente do econômico, não passarem para dentro do país. Como para os outros dois, a conclusão do processo encontra-se no futuro, que agora parece remoto.
SCHWARZ, R. Os sete fôlegos de um livro. Sequências brasileiras. São Paulo: Cia. das Letras, 1999 (adaptado).
Acerca das expectativas quanto à formação do Brasil, a sentença que sintetiza os pontos de vista apresentados no texto é:
A) Brasil, um país que vai pra frente.
B) Brasil, a eterna esperança.
C) Brasil, glória no passado, grandeza no presente.
D) Brasil, terra bela, pátria grande.
E) Brasil, gigante pela própria natureza.
De acordo com os autores mencionados no enunciado da questão, a superação dos problemas nacionais, cujas origens estão no passado colonial e na herança portuguesa, depende da eliminação desse pesado legado luso-colonial. Assim, enquanto o passado não passa, o Brasil é a eterna esperança – de um futuro melhor.
Habilidade - Confrontar interpretações diversas de situações ou fatos de natureza históricogeográfica, técnico-científica, artístico-cultural ou do cotidiano, comparando diferentes pontos de vista, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos argumentos utilizados.

60 - Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios — esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais —, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas.”
VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994.
O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania
A) possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os políticos de qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar.
B) era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma concepção política profundamente hierarquizada da sociedade.
C) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica.
D) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado às atividades vinculadas aos tribunais.
E) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que tinham tempo para resolver os problemas da cidade.

O ócio (lazer) é um pré-requisito fundamental para que o individuo possa dedicar-se aos problemas da cidade (polis). Assim sendo, somente os cidadãos – homens com tempo livre – poderiam cuidar da administração das cidades e da vida política.
Habilidade - Confrontar interpretações diversas de situações ou fatos de natureza históricogeográfica, técnico-científica, artístico-cultural ou do cotidiano, comparando diferentes pontos de vista, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos argumentos utilizados.

61 - O autor da constituição de 1937, Francisco Campos, afirma no seu livro, O Estado Nacional, que o eleitor seria apático; a democracia de partidos conduziria à desordem; a independência do Poder Judiciário acabaria em injustiça e ineficiência; e que apenas o Poder Executivo, centralizado em Getúlio Vargas, seria capaz de dar racionalidade imparcial ao Estado, pois Vargas teria providencial intuição do bem e da verdade, além de ser um gênio político.
CAMPOS. F. O Estado nacional. Rio de Janeiro: José Olympio, 1940 (adaptado).
Segundo as ideias de Francisco Campos,
A) os eleitores, políticos e juízes seriam mal-intencionados.
B) o governo Vargas seria um mal necessário, mas transitório.
C) Vargas seria o homem adequado para implantar a democracia de partidos.
D) a Constituição de 1937 seria a preparação para uma futura democracia liberal.
E) Vargas seria o homem capaz de exercer o poder de modo inteligente e correto.

O próprio texto apresenta a resposta. Francisco Campos deixa claro, em suas afirmações políticas, que Vargas era o governante capaz de exercer o poder com êxito, uma vez que era um gênio político e com proverbial intuição do bem e da verdade.
Habilidade - Confrontar interpretações diversas de situações ou fatos de natureza históricogeográfica, técnico-científica, artístico-cultural ou do cotidiano, comparando diferentes pontos de vista, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos argumentos utilizados.
62 - No final do século XVI, na Bahia, Guiomar de Oliveira denunciou Antônia Nóbrega à Inquisição. Segundo o depoimento, esta lhe dava “uns pós não sabe de quê, e outros pós de osso de finado, os quais pós ela confessante deu a beber em vinho ao dito seu marido para ser seu amigo e serem bem-casados, e que todas estas coisas fez tendo-lhe dito a dita Antônia e ensinado que eram coisas diabólicas e que os diabos lha ensinaram”.
ARAÚJO, E. O teatro dos vícios. Transgressão e transigência na sociedade urbana colonial. Brasília: UnB/José Olympio, 1997.
Do ponto de vista da Inquisição,
A) O problema dos métodos citados no trecho residia na dissimulação, que acabava por enganar o enfeitiçado.
B) o diabo era um concorrente poderoso da autoridade da Igreja e somente a justiça do fogo poderia eliminá-lo.
C) os ingredientes em decomposição das poções mágicas eram condenados porque afetavam a saúde da população.
D) as feiticeiras representavam séria ameaça à sociedade, pois eram perceptíveis suas tendências feministas.
E) os cristãos deviam preservar a instituição do casamento recorrendo exclusivamente aos ensinamentos da Igreja.

Ao confessar diante da Inquisição, a ré Guiomar mostrou que Antônia de Nóbrega estava a serviço do diabo. Assim, o combate às forças demoníacas, conforme as ações inquisitoriais, requeria a execução dos hereges na fogueira (auto de fé).
Habilidade - Confrontar interpretações diversas de situações ou fatos de natureza históricogeográfica, técnico-científica, artístico-cultural ou do cotidiano, comparando diferentes pontos de vista, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos argumentos utilizados.

63 - A partir de 1942 e estendendo-se até o final do Estado Novo, o Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio de Getúlio Vargas falou aos ouvintes da Rádio Nacional semanalmente, por dez minutos, no programa “Hora do Brasil”. O objetivo declarado do governo era esclarecer os trabalhadores acerca das inovações na legislação de proteção ao trabalho.
GOMES, A. C. A invenção do trabalhismo. Rio de Janeiro: IUPERJ/Vértice. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1988 (adaptado).
Os programas “Hora do Brasil” contribuíram para
A) conscientizar os trabalhadores de que os direitos sociais foram conquistados por seu esforço, após anos de lutas sindicais.
B) promover a autonomia dos grupos sociais, por meio de uma linguagem simples e de fácil entendimento.
C) estimular os movimentos grevistas, que reivindicavam um aprofundamento dos direitos trabalhistas.
D) consolidar a imagem de Vargas como um governante protetor das massas.
E) aumentar os grupos de discussão política dos trabalhadores, estimulados pelas palavras do ministro.

O rádio foi um poderoso aliado do governo Vargas, especialmente no Estado Novo. A imagem de Pai dos Pobres, difundida pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) foi potencializada pelos meios de comunicação de massa, principalmente no programa A Hora do Brasil. Vale registrar que o movimento sindical e operário não possuía autonomia, sendo que os sindicatos eram submetidos às orientações do Ministério do Trabalho (peleguismo).
Habilidade - Confrontar interpretações diversas de situações ou fatos de natureza históricogeográfica, técnico-científica, artístico-cultural ou do cotidiano, comparando diferentes pontos de vista, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos argumentos utilizados.

64 - A formação dos Estados foi certamente distinta na Europa, na América Latina, na África e na Ásia. Os Estados atuais, em especial na América Latina — onde as instituições das populações locais existentes à época da conquista ou foram eliminadas, como no caso do México e do Peru, ou eram frágeis, como no caso do Brasil —, são o resultado, em geral, da evolução do transplante de instituições européias feito pelas metrópoles para suas colônias. Na África, as colônias tiveram fronteiras arbitrariamente traçadas, separando etnias, idiomas e tradições, que, mais tarde, sobreviveram ao processo de descolonização, dando razão para conflitos que, muitas vezes, têm sua verdadeira origem em disputas pela exploração de recursos naturais. Na Ásia, a colonização européia se fez de forma mais indireta e encontrou sistemas políticos e administrativos mais sofisticados, aos quais se superpôs. Hoje, aquelas formas anteriores de organização, ou pelo menos seu espírito, sobrevivem nas organizações políticas do Estado asiático.
GUIMARÃES, S. P. Nação, nacionalismo, Estado. Estudos Avançados. São Paulo: EDUSP, v. 22, nº- 62, jan.- abr. 2008 (adaptado).
Relacionando as informações ao contexto histórico e geográfico por elas evocado, assinale a opção correta acerca do processo de formação socioeconômica dos continentes mencionados no texto.
A) Devido à falta de recursos naturais a serem explorados no Brasil, conflitos étnicos e culturais como os ocorridos na África estiveram ausentes no período da independência e formação do Estado brasileiro.
B) A maior distinção entre os processos histórico-formativos dos continentes citados é a que se estabelece entre colonizador e colonizados, ou seja, entre a Europa e os demais.
C) À época das conquista, a América Latina, a África e a Ásia tinham sistemas políticos e administrativos muito mais sofisticados que aqueles que lhes foram impostos pelo colonizador.
D) Comparadas ao México e ao Peru, as instituições brasileiras, por terem sido eliminadas à época da conquista, sofreram mais influência dos modelos institucionais europeus.
E) O modelo histórico da formação do Estado asiático equipara-se ao brasileiro, pois em ambos se manteve o espírito das formas de organização anteriores à conquista.

Apesar das diferenças no processo colonizador que atingiu a America (antigo sistema colonial) e África e Ásia (neocolonialismo), fica patente a dominação européia que, independente das diferenças nos dois processos, foi igual na violência e na exploração.
Habilidade - Confrontar interpretações diversas de situações ou fatos de natureza históricogeográfica, técnico-científica, artístico-cultural ou do cotidiano, comparando diferentes pontos de vista, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos argumentos utilizados.
65 - Colhe o Brasil, após esforço contínuo dilatado no tempo, o que plantou no esforço da construção de sua inserção internacional. Há dois séculos formularam-se os pilares da política externa. Teve o país inteligência de longo prazo e cálculo de oportunidade do mundo difuso da transição da hegemonia britânica para o século americano. Engendrou concepções, conceitos e teoria própria no século XIX, de José Bonifácio ao Visconde do Rio Branco. Buscou autonomia decisória no século XX. As elites se interessaram, por meio de calorosos debates, pelo destino do Brasil. O país emergiu, de Vargas aos militares, como ator responsável e previsível nas ações externas do Estado. A mudança de regime político para a democracia não alterou o pragmatismo externo, mas o aperfeiçoou.
SARAIVA, J. F. S. O lugar do Brasil e o silêncio do parlamento. Correio Braziliense, Brasília, 28 maio 2009 (adaptado).
Sob o ponto de vista da política externa brasileira no século XX, conclui-se que
A) o Brasil é um país periférico na ordem mundial, devido às diferentes conjunturas de inserção internacional.
B) as possibilidades de fazer prevalecer ideias e conceitos próprios, no que tange aos temas do comércio internacional e dos países em desenvolvimento, são mínimas.
C) as brechas do sistema internacional não foram bem aproveitadas para avançar posições voltadas para a criação de uma área de cooperação e associação integrada a seu entorno geográfico.
D) os grandes debates nacionais acerca da inserção internacional do Brasil foram embasados pelas elites do Império e da República por meio de consultas aos diversos setores da população.
E) a atuação do Brasil em termos de política externa evidencia que o país tem capacidade decisória própria, mesmo diante dos constrangimentos internacionais.
A política externa nacional foi – e é – praticada dentro de um contexto internacional dominado pela Inglaterra ou pelos Estados Unidos. Entretanto, apesar de muitas vezes submetido a essas hegemonias, o Brasil assumiu – e assume – posições políticas internacionais independentes, tais como, por exemplo, a política externa de Jânio Quadros e de João Goulart, nos anos 1961 – 1964, de Geisel, na década de 1970, e de Lula, na atualidade.
Habilidade - Confrontar interpretações diversas de situações ou fatos de natureza históricogeográfica, técnico-científica, artístico-cultural ou do cotidiano, comparando diferentes pontos de vista, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos argumentos utilizados.

66 - No tempo da independência do Brasil, circulavam nas classes populares do Recife trovas que faziam alusão à revolta escrava do Haiti:
Marinheiros e caiados
Todos devem se acabar.
Porque só pardos e pretos
O país hão de habitar.
AMARAL, F. P. do Apud CARVALHO, A. Estudos pernambucanos, Recife: Cultura Acadêmica, 1907.
O período da independência do Brasil registra conflitos raciais, como se depreende
A) dos rumores acerca da revolta escrava do Haiti, que circulavam entre a população escrava e entre os mestiços pobres, alimentando seu desejo por mudanças.
B) da rejeição aos portugueses, brancos, que significava a rejeição à opressão da Metrópole, como ocorreu na Noite das Garrafadas.
C) do apoio que escravos e negros forros deram à monarquia, com a perspectiva de receber sua proteção contra as injustiças do sistema escravista.
D) do repúdio que os escravos trabalhadores dos portos demonstravam contra os marinheiros, porque estes representavam a elite branca opressora.
E) da expulsão de vários líderes negros independentistas, que defendiam a implantação de uma república negra, a exemplo do Haiti.

A Revolução de São Domingos – independência do Haiti – foi o primeiro e único caso bem sucedido de independência, na America, liderada por negros. A influência desse movimento na America escravista e, notadamente no Brasil, provocou temor no seio das elites escravistas, uma vez que alimentou demandas dos negros – escravos ou não – e dos demais segmentos sociais tradicionalmente oprimidos, por uma sociedade mais justa e sem a escravidão.
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67 - A prosperidade induzida pela emergência das máquinas de tear escondia uma acentuada perda de prestígio. Foi nessa idade de ouro que os artesãos, ou os tecelões temporários, passaram a ser denominados, de modo genérico, tecelões de teares manuais. Exceto em alguns ramos especializados, os velhos artesãos foram colocados lado a lado com novos imigrantes, enquanto pequenos fazendeiros-tecelões abandonaram suas pequenas propriedades para se concentrar na atividade de tecer. Reduzidos à completa dependência dos teares mecanizados ou dos fornecedores de matéria-prima, os tecelões ficaram expostos a sucessivas reduções dos rendimentos.
THOMPSON, E. P. The making of the english working class. Harmondsworth: Penguim Books, 1979 (adaptado).
Com a mudança tecnológica ocorrida durante a Revolução Industrial, a forma de trabalhar alterou-se porque
A) a invenção do tear propiciou o surgimento de novas relações sociais.
B) os tecelões mais hábeis prevaleceram sobre os inexperientes.
C) os novos teares exigiam treinamento especializado para serem operados.
D) os artesãos, no período anterior, combinavam a tecelagem com o cultivo de subsistência.
E) os trabalhadores não especializados se apropriaram dos lugares dos antigos artesãos nas fábricas.

O advento da industrialização provocou profundas mudanças na organização socioeconômica européia e mundial. Aos poucos, ocorre a separação entre produtor e meios de produção, entre trabalho e capital.
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68 - Até o século XVII, as paisagens rurais eram marcadas por atividades rudimentares e de baixa produtividade. A partir da Revolução Industrial, porém, sobretudo com o advento da revolução tecnológica, houve um desenvolvimento contínuo do setor agropecuário.
São, portanto, observadas consequências econômicas, sociais e ambientais inter-relacionadas no período posterior à Revolução Industrial, as quais incluem
A) a erradicação da fome no mundo.
B) o aumento das áreas rurais e a diminuição das áreas urbanas.
C) a maior demanda por recursos naturais, entre os quais os recursos energéticos.
D) a menor necessidade de utilização de adubos e corretivos na agricultura.
E) o contínuo aumento da oferta de emprego no setor primário da economia, em face da mecanização.

A Revolução Industrial foi marcada pela crescente demanda de recursos energéticos necessários para as diversas atividades fabris. No primeiro momento, o carvão era a fonte principal de energia. Com o passar do tempo, o petróleo e a eletricidade assumiram essa posição.
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69 - Como se assistisse à demonstração de um espetáculo mágico, ia revendo aquele ambiente tão característico de família, com seus pesados móveis de vinhático ou de jacarandá, de qualidade antiga, e que denunciavam um passado ilustre, gerações de Meneses talvez mais singelos e mais calmos; agora, uma espécie de desordem, de relaxamento, abastardava aquelas qualidades primaciais. Mesmo assim era fácil perceber o que haviam sido, esses nobres da roça, com seus cristais que brilhavam mansamente na sombra, suas pratas semi-empoeiradas que atestavam o esplendor esvanecido, seus marfins e suas opalinas — ah, respirava-se ali conforto, não havia dúvida, mas era apenas uma sobrevivência de coisas idas. Dir-se-ia, ante esse mundo que se ia desagregando, que um mal oculto o roía, como um tumor latente em suas entranhas.
CARDOSO, L. Crônica da casa assassinada. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002 (adaptado).
O mundo narrado nesse trecho do romance de Lúcio Cardoso, acerca da vida dos Meneses, família da aristocracia rural de Minas Gerais, apresenta não apenas a história da decadência dessa família, mas é, ainda, a representação literária de uma fase de desagregação política, social e econômica do país. O recurso expressivo que formula literariamente essa desagregação histórica é o de descrever a casa dos Meneses como

A) ambiente de pobreza e privação, que carece de conforto mínimo para a sobrevivência da família.
B) mundo mágico, capaz de recuperar o encantamento perdido durante o período de decadência da aristocracia rural mineira.
C) cena familiar, na qual o calor humano dos habitantes da casa ocupa o primeiro plano, compensando a frieza e austeridade dos objetos antigos.
D) símbolo de um passado ilustre que, apesar de superado, ainda resiste à sua total dissolução graças ao cuidado e asseio que a família dispensa à conservação da casa.
E) espaço arruinado, onde os objetos perderam seu esplendor e sobre os quais a vida repousa como lembrança de um passado que está em vias de desaparecer completamente.
O texto, de Lucio Cardoso, mostra uma casa em decadência, mas ainda com um brilho do passado de esplendor, passado de uma sociedade aristocrática e rural que, aos poucos, desaparecia, como a casa dos Meneses.

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71 - O suíço Thomas Davatz chegou a São Paulo em 1855 para trabalhar como colono na fazenda de café Ibicaba, em Campinas. A perspectiva de prosperidade que o atraiu para o Brasil deu lugar a insatisfação e revolta, que ele registrou em livro. Sobre o percurso entre o porto de Santos e o planalto paulista, escreveu Davatz: “As estradas do Brasil, salvo em alguns trechos, são péssimas. Em quase toda parte, falta qualquer espécie de calçamento ou mesmo de saibro. Constam apenas de terra simples, sem nenhum benefício. É fácil prever que nessas estradas não se encontram estalagens e hospedarias como as da Europa. Nas cidades maiores, o viajante pode naturalmente encontrar aposento sofrível; nunca, porém, qualquer coisa de comparável à comodidade que proporciona na Europa qualquer estalagem rural. Tais cidades são, porém, muito poucas na distância que vai de Santos a Ibicaba e que se percorre em cinquenta horas no mínimo”.
Em 1867 foi inaugurada a ferrovia ligando Santos a Jundiaí, o que abreviou o tempo de viagem entre o litoral e o planalto para menos de um dia. Nos anos seguintes, foram construídos outros ramais ferroviários que articularam o interior cafeeiro ao porto de exportação, Santos.
DAVATZ, T. Memórias de um colono no Brasil, São Paulo: Livraria Martins, 1941 (adaptado).
O impacto das ferrovias na promoção de projetos de colonização com base em imigrantes europeus foi importante, porque
A) o percurso dos imigrantes até o interior, antes das ferrovias, era feito a pé ou em muares; no entanto, o tempo de viagem era aceitável, uma vez que o café era plantado nas proximidades da capital, São Paulo.
B) a expansão da malha ferroviária pelo interior de São Paulo permitiu que mão-de-obra estrangeira fosse contratada para trabalhar em cafezais de regiões cada vez mais distantes do porto de Santos.
C) o escoamento da produção de café se viu beneficiado pelos aportes de capital, principalmente de colonos italianos, que desejavam melhorar sua situação econômica.
D) os fazendeiros puderam prescindir da mão-de-obra europeia e contrataram trabalhadores brasileiros provenientes de outras regiões para trabalhar em suas plantações.
E) as notícias de terras acessíveis atraíram para São Paulo grande quantidade de imigrantes, que adquiriram vastas propriedades produtivas.

A economia cafeicultora estimulou a formação de uma infraestrutura, especialmente no caso de ferrovias e portos, necessários ao escoamento da produção para a exportação.
A expansão das lavouras cafeicultoras, para locais cada vez mais distantes, foi facilitada pela integração ferroviária, possibilitando o deslocamento de mercadorias e trabalhadores no vasto território cafeicultor brasileiro.
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73 - Populações inteiras, nas cidades e na zona rural, dispõem da parafernália digital global como fonte de educação de formação cultural. Essa simultaneidade de cultura e informação eletrônica com as formas tradicionais orais é um desafio que necessita ser discutido. A exposição, via mídia eletrônica, com estilos e valores ulturais de outras sociedades, pode inspirar apreço, mas também distorções e ressentimentos. Tanto quanto á necessidade de uma cultura tradicional de posse da educação letrada, também é necessário criar estratégias e alfabetização eletrônica, que passam a ser o grande canal de informação das culturas segmentadas no nterior dos grandes centros urbanos e das zonas rurais. Um novo modelo de educação.
BRIGAGÃO, C. E.; RODRIGUES, G. A globalização a olho nu: o mundo conectado.
São Paulo: Moderna, 1998 (adaptado).
Com base no texto e considerando os impactos culturais da difusão das tecnologias de informação no marco a globalização, depreende-se que

A) a ampla difusão das tecnologias de informação nos centros urbanos e no meio rural suscita o contato entre diferentes ulturas e, ao mesmo tempo, traz a necessidade de reformular as concepções tradicionais de educação.
B) a apropriação, por parte de um grupo social, de valores e ideias de outras culturas para benefício próprio é onte de conflitos e ressentimentos.
C) as mudanças sociais e culturais que acompanham o processo de globalização, ao mesmo tempo em que efletem a preponderância da cultura urbana, tornam obsoletas as formas de educação tradicionais próprias o meio rural.
D) as populações nos grandes centros urbanos e no meio rural recorrem aos instrumentos e tecnologias de informação asicamente como meio de comunicação mútua, e não os veem como fontes de educação e cultura.
E) a intensificação do fluxo de comunicação por meios eletrônicos, característica do processo de globalização, stá dissociada do desenvolvimento social e cultural que ocorre no meio rural.
Os avanços tecnológicos promovem alterações nos diversos segmentos da vida humana, quebram paradigmas e exigem reformulações de conceitos, inclusive no que se refere à educação.
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74 - No período 750-338 a.C., a Grécia antiga era composta por cidades-Estado, como por exemplo Atenas, Esparta, Tebas, que eram independentes umas das outras, mas partilhavam algumas características culturais, como a língua grega. No centro da Grécia, Delfos era um lugar de culto religioso frequentado por habitantes de todas as cidades-Estado.
No período 1200-1600 d.C., na parte da Amazônia brasileira onde hoje está o Parque Nacional do Xingu, há vestígios de quinze cidades que eram cercadas por muros de madeira e que tinham até dois mil e quinhentos habitantes cada uma. Essas cidades eram ligadas por estradas a centros cerimoniais com grandes praças. Em torno delas havia roças, pomares e tanques para a criação de tartarugas. Aparentemente, epidemias dizimaram grande parte da população que lá vivia.
Folha de S.Paulo, ago. 2008 (adaptado).
Apesar das diferenças históricas e geográficas existentes entre as duas civilizações elas são semelhantes no aspecto de que
A) as ruínas das cidades mencionadas atestam que grandes epidemias dizimaram suas populações.
B) as cidades do Xingu desenvolveram a democracia, tal como foi concebida em Tebas.
C) as duas civilizações tinham cidades autônomas e independentes entre si.
D) os povos do Xingu falavam uma mesma língua, tal como nas cidades-Estado da Grécia.
E) as cidades do Xingu dedicavam-se à arte e à filosofia tal como na Grécia.

O texto trata da comparação entre as cidades gregas e as cidades existentes na região do Xingu (conforme vestígios existenes). A semelhanças, resguardadas o espaço-tempo histórico, está no fato de que as sociedades estudadas organizaram-se em cidades com certo grau de autonomia.
Habilidade - Confrontar interpretações diversas de situações ou fatos de natureza históricogeográfica, técnico-científica, artístico-cultural ou do cotidiano, comparando diferentes pontos de vista, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos argumentos utilizados.