terça-feira, 1 de novembro de 2011

Curso de História - 2a. etapa UFMG e Fundação João Pinheiro
Curso de História - 2a. etapa UFMG e Fundação João Pinheiro

Prof. Newton Miranda (Newtinho)

Início - 1a. semana de novembro - 2011
Término - 2a. semana de dezembro - 2011

Abordagem do conteúdo a partir da solução de questões inéditas e dos vestibulares anteriores.

Informações - Tel 031 25517200

2a. etapa UFMG 2007 sugestão de respostas

UFMG -2ª.Etapa 2007
Sugestão de respostas
Professor Newton MIranda

QUESTÃO 01

1 –
A – Desde a Revolução Gloriosa, ocorrida no final do século XVII, a Inglaterra vivia um processo de estabilidade política baseado na afirmação do parlamentarismo e na maior sensibilidade do Estado em relação aos interesses da burguesia empreendedora.
B – A disponibilidade de mão de obra, fruto do êxodo rural provocado pelos cercamentos.. Privados de sua subsistência, em função da expansão das áreas destinadas à produção de lã, os camponeses migravam para as cidades e abasteciam as fábricas com mão de obra farta e barata.
2 –
Havia um amplo mercado consumidor para os panos ingleses. A expansão desse mercado foi facilitada por tratados vantajosos para os britânicos. Como exemplo, destaca-se o Tratado de Methuen que proporcionou o acesso dos tecidos da Inglaterra aos mercados lusitanos. Estimulada pelo consumo português, a produção têxtil inglesa cresceu e assumiu a posição de carro chefe da industrialização da Inglaterra.
QUESTÃO 02

1 –
A – Centralização do poder político nas mãos do soberano.
B – Concessão de privilégios à nobreza.
C – Consagração da teoria do direito divino do poder real.
2 – Hobbes utilizou a imagem do Leviatã, gigante mitológico, a fim de demonstrar o poder real. O soberano, mostrado como um gigante, está acima de tudo e de todos e tem a responsabilidade de garantir a ordem e a paz no reino. Abaixo do rei, estão a cidade e o campo, além das alegorias que representam os diversos segmentos da sociedade. O corpo do rei é constituído pelos súditos, reforçando a ideia de um corpo único – rei e súditos – que forma a Nação.


QUESTÃO 03

1 –
As imagens da fotografia não estão de acordo com as palavras do brigadeiro. O que se vê na fotografia é um bando de pessoas humildes e desarmadas, entre as quais, muitas mulheres e crianças, ou seja, uma imagem muito distante de bandidos em armas, como apregoava o comandante militar. As pessoas na fotografia eram sertanejos excluídos, cuja miséria era sistematicamente ignorada pelo governo brasileiro.
2 –
A – Os sertanejos, liderados por Antônio Conselheiro, eram considerados monarquistas, na medida em que constituíram uma comunidade sagrada e fora das leis republicanas. O caráter laico da República e o fim do padroado eram condenados pelos líderes messiânicos.
B – O fanatismo religioso dos rebeldes de Canudos contrariava as bases racionais e científicas nas quais estava fundamentada a República recém instalada. Vale registrar que o positivismo era o alicerce filosófico de vários líderes republicanos, fato que aumentou significativamente o ódio das autoridades em relação aos rebeldes.

QUESTÃO 04
1 –
A – Big Stick
O governo dos Estados Unidos considerava-se líder natural das nações latino-americanas, fato que justificava as constantes intervenções militares norte-americanas na América Central.
Esta postura diplomática objetivava, em última instância, garantir os interesses econômicos e/ou estratégicos norte-americanos na região.
B – Política da Boa Vizinhança
O governo dos EUA substituiu a política intervencionista militar por uma aproximação cultural e artística que buscava reforçar o elo entre a América Latina e os norte-americanos.
A concessão de empréstimos e apoio tecnológico dos Estados Unidos para o desenvolvimento industrial latino-americano, que objetivava, também, consolidar a hegemonia dos EUA na região.



2 –
A – Big Stick
Essa política, cujo expoente é o presidente Ted Roosevelt, está inserida na expansão do imperialismo dos Estados Unidos, iniciada no final do século XIX e consolidada após a Primeira Guerra Mundial. A expansão da economia norte-americana exigia que os interesses dos EUA fossem garantidos em detrimento da ação imperialista europeia.
B – Política da Boa Vizinhança
Essa política esteve inserida no governo de Franklin Roosevelt nas décadas de 1930 e 1940. Buscou melhorar a imagem dos Estados Unidos na América Latina, a fim de conseguir recursos para combater os efeitos da Crise de 1929, além de deter a influência do fascismo e do comunismo.

QUESTÃO 05

1 – Stálin implementou na URSS uma das piores ditaduras que o mundo já viu. Iniciou um processo de expurgos que atingiu até mesmo o PCUS. A oposição foi sistematicamente eliminada. Os expurgos foram acompanhados por um crescente culto ao líder – Stalin – desenvolvido pelo governo e baseado nas tradições czaristas. Os planos estatais para feitos por Stalin desenvolveram a URSS que emergiu, como uma superpotência com um líder mais poderoso ainda.
2 - A desestalinização foi iniciada por Nikita Kruschev, líder soviético. No XX Congresso do PCUS (1956), Kruschev denunciou os expurgos e o culto ao líder praticados por Stalin. Além disso, melhorou as relações com o Ocidente e reduziu os investimentos estatais na produção militar.

QUESTÃO 06

1 – A Ação Integralista Brasileira (1932), liderada por Plínio Salgado, era fascista e, portanto, anti-comunista. O cartaz transmite a mensagem de que o braço forte da AIB irá decepar a mão tenebrosa do comunismo que ameaçava o Brasil. A oposição ideológica entre fascismo e comunismo foi um marco importante do período entre-guerras.
2 – O unipartidarismo; tal como nos movimentos fascistas, os integralistas defendiam a existência de um Estado Integral governado somente por um partido. Esse partido – AIB seria o articulador entre os interesses do povo e as ações do Estado.

QUESTÃO 07
1 – Jânio Quadros pregava uma política de austeridade e de combate à corrupção. Sua campanha visava atingir o governo de seu antecessor, JK, do PSD, partido de Lott. A vassoura simbolizava esse discurso moralizante de Jânio.
O candidato do PSD, nas eleições de 1960, era o Marechal Lott, cujo jingle, denuncia as relações da UDN – partido de Jânio Quadros – com o capital estrangeiro. Ao falar que a espada do Marechal era de aço nacional, o PSD procurava relevar o desenvolvimento econômico nacional promovido por JK
2 – Jânio Quadros venceu as eleições presidenciais com mais de cinco milhões de votos. Entretanto, renunciou em agosto de 1961, sem motivo aparente. Na verdade, Jânio pretendia utilizar a renúncia como uma estratégia para conseguir maiores poderes por parte do Congresso e dos militares, mas sem sucesso, já que sua renúncia foi aceita. O vice, João Goulart, assumiu a presidência, após grave crise política gerada pela oposição. A solução parlamentarista foi uma alternativa passageira, uma vez que as forças políticas conservadoras que não aceitaram a posse de Jango, articularam-se contra ele até derrubá-lo do poder.
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Estado moderno, monopólio legítimo da violência e choque de ordem: o governo Paes mostra sua cara.

O filósofo inglês John Locke, fiel representante do liberalismo, se coloca para o pensamento político moderno como um dos primeiros refutadores do absolutismo. Como sustentação de seu pensamento, a idéia de que é preciso garantir a existência de um governo, ou estado, que garanta a liberdade e a preservação da propriedade privada, direitos naturais do homem para Locke (1).Essas são as bases em que se coloca a formação do estado moderno. A defesa intransigente da propriedade privada. Contudo, se esta é uma característica do estado moderno, a defesa da propriedade privada, podemos encontrar com a ajuda do intelectual alemão Max Weber uma característica mais geral a respeito do estado, qual seja, “o monopólio do uso legítimo da força física dentro de um determinado território” (2).Conclui-se que o papel do estado moderno, ou seja, o papel do estado dentro dos marcos do capitalismo é proteger ou garantir a propriedade privada através do monopólio do uso legítimo da violência. Mas todos os estados, ou todos os governos, são iguais, possuem as mesmas características? Atrevo-me a afirmar que não. A essência é a mesma, na medida em que estes estados estão baseados e influenciados por estruturas econômicas alicerçadas na acumulação do capital através da obtenção da mais valia, o grande segredo do capitalismo (3). Agora, o grau de intensidade com que o monopólio legítimo da violência é utilizado para garantir esta acumulação do capital pode variar de governo para governo, de acordo com a correlação de forças presente em cada estado, em cada contexto social.Podemos citar, por exemplo, o ocorrido em 2007, quando mais de 60 famílias da Via Campesina ocuparam a fazenda da multinacional suíça Syngenta Seeds em Santa Tereza do Oeste, no Paraná. Apesar de a justiça ter determinado que o estado retirasse as famílias da propriedade, o governador Roberto Requião se recusou a cumprir a decisão judicial, tendo sido inclusive obrigado a pagar multa diária de cerca de R$ 2.000,00. Desta forma, o governador se colocou ao lado dos trabalhadores rurais e contra o manejo do uso legítimo da violência para a defesa da propriedade privada. O mesmo pode ser dito da governadora Ana Júlia Carepa, do Pará, que se recusou a retirar os militantes do MST que no mesmo ano de 2007 ocuparam uma estrada de ferro administrada pela Companhia Vale do Rio Doce, durante o chamado “abril vermelho”.Nos dois casos, graças à ação dos governantes, o grau de intensidade com que o estado se manifestou em defesa da propriedade privada foi reduzido. Destarte, podemos considerar estes governantes como progressistas. O que não faz com que a essência do estado seja outra que não a de todos os estados modernos.Por outro lado, podemos observar outra forma de se utilizar o estado, bem diferente dos casos supracitados. A gestão do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, já se inicia demonstrando logo na primeira semana de mandato qual o papel que a prefeitura deve cumprir: a manutenção da ordem. Leia-se manutenção da ordem como caça aos trabalhadores do mercado informal, apreensão de suas mercadorias e demolição de casas sem licença, em geral localizadas em favelas, como é o caso de Rio das Pedras, além do recolhimento de moradores de rua.À primeira vista, a secretaria municipal de ordem pública, responsável por essas ações de choque de ordem, tem conseguido angariar a simpatia da mídia carioca, como atesta as capas dos principais jornais de circulação entre a “classe média” e a “classe média-alta” (4). No entanto, esses jornais escondem o corte de classe presente nessas ações.Não há como esconder que quem possui moradia irregular em Rio das Pedras é quem não possui dinheiro para se regularizar. Não há como esconder que quem possui trabalho informal, não o faz por opção, mas sim, pois não há vagas no trabalho formal. Não há como esconder que quem mora na rua apenas o faz, pois não possui outra opção. As ações tomadas pela secretaria municipal de ordem pública se dirigem exclusivamente à classe mais pauperizada de nossa população e não à classe detentora da propriedade privada. Outras ações poderiam ser tomadas como a criação e formalização de empregos e a criação e regularização de moradias populares. Mas não é isso o que vemos na pauta do dia da prefeitura do Rio de Janeiro. Não à toa podemos classificar o prefeito Eduardo Paes no campo conservador.
Notas:
(1) Ver LOCKE, John. Segundo Tratado Sobre o Governo. São Paulo, Editora Martin Claret, 2003.
(2) Ver WEBER, Max. A política como vocação. In: Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro, LTC, 2002.
(3) Ver MARX, Karl. Salário, preço e lucro. São Paulo, Global editora, 1980.
(4) Emprego os termos “classe média” e “classe média-alta” por representarem conceitos utilizados pelo senso comum, apesar de serem inexatos, na medida em que não representam classes sociais, mas sim categorias sociais. Como bem lembra Lukacs em História e Consciência de Classe, “a divisão da sociedade em classes deve ser definida, no espírito do marxismo, pelo lugar que elas ocupam no processo de produção”.
Theófilo Rodrigues – Estudante de Ciências Sociais da PUC-Rio