segunda-feira, 21 de julho de 2014

Aula temática de História

Colômbia, Egito e Ucrânia - Eleições em 2014
Prof. Newton Miranda



Colômbia

Nas eleições de 15 de junho de 2014, o presidente Juan Manuel Santos conseguiu se reeleger presidente da república no segundo turno com 50,94% dos votos. O líder conquistou 7.803.115 votos enquanto seu adversário, Óscar Zuluaga, recebeu 6.903.813, cerca de 45% do total, conforme informações oficiais.
Ao todo, 619.362 pessoas (4,03%) votaram nulo. O voto não é obrigatório no país, e apenas 47% dos eleitores habilitados compareceram às urnas. Mais de 32,9 milhões de votos eram esperados; foram registrados 15,7 milhões.
Em Bogotá, os partidários de Santos saíram às ruas em caravanas de carros para comemorar o resultado.
Zuluaga, do movimento uribista  Centro Democrático, reconheceu sua derrota e parabenizou o atual governante, Juan Manuel Santos, como ganhador do pleito. "Devo, por convicção democrática em primeiro lugar, felicitar o presidente Santos por seu triunfo", disse Zuluaga a seus partidários em um centro de convenções de Bogotá. "Perdemos com honra, com integridade. [...] Estou muito orgulhoso de ter sido o candidato do uribismo."
Liberal de centro-direita de 62 anos, Santos buscou a reeleição defendendo o fim do conflito de 50 anos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), principal grupo rebelde da Colômbia, por meio do diálogo. "Com paz faremos mais", afirmou o presidente em 13 de junho de 2014, quando anunciou o início de negociações com o Exército de Libertação Nacional (ELN, extrema esquerda), segunda guerrilha do país, visando alcançar "uma paz integral".
saiba mais
Zuluaga, que recebeu apoio do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), tinha posição mais dura e defendia a ação militar contra os rebeldes. O conflito já deixou mais de 220 mil mortos e cinco milhões de deslocados.
Para Santos, o fim da insurgência permitirá "liberar o potencial" da Colômbia e aumentar o investimento em saúde e educação, mas, em especial, melhorará a vida dos mais desfavorecidos, "os que estão morrendo nesta guerra", em um país onde um terço dos 47 milhões de habitantes são pobres, apesar de um crescimento superior a 4%.

O neoliberal Juan Manuel Santos governará até 2018 e com o apoio da esquerda. Os partidos, movimentos sociais, sindicatos, artistas e intelectuais, que foram os mais críticos com Santos, também impulsionaram sua vitória para evitar o retorno ao poder do chamado 'uribismo' - a linha do ex-presidente Álvaro Uribe.
De acordo com as últimas pesquisas de opinião, os dois candidatos estavam empatados tecnicamente: Santos teria 47,7% das intenções contra 48,5% de Zuluaga, aliado do ex-presidente Álvaro Uribe.A Irmandade Muçulmana é um grupo político e religioso que atua em diversos países do Oriente Médio, Ásia e África, defendendo que as regras do islamismo sirvam não apenas para ditar a forma de vida dos fiéis, mas também para guiar a sociedade e o Estado. Além de lutar para estabelecer a sharia (leis baseadas no Corão) como base para governos, a Irmandade Muçulmana também objetiva unificar os países de população muçulmana.
                                  Ucrânia


Tanto os líderes da comunista União Patriótica como a polêmica ex-senadora Piedad Córdoba, sempre perto da Venezuela chavista, apoiaram Santos por meio da imprensa, das redes sociais e nas ruas com o lema 'Vote pela paz'.
Frio, pouco carismático e um apaixonado jogador de pôquer, Santos chegou à presidência em 2010 disposto a seguir a receita de seu antecessor, Uribe, mas se distanciou e escolheu outro caminho.

No primeiro turno, que ocorreu em 25 de maio, Zuluaga foi o mais votado, com 29,25%, enquanto Santos recebeu 25,69%. Na última etapa, 60% dos eleitores não comparecem às urnas.
FARC
Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo  - é uma organização auto-proclamada guerrilha revolucionária marxista-leninista, que atua por meio de guerrilha. Apesar de não ser membro do Foro de São Paulo, que congrega partidos de esquerda da América Latina, as FARC já estiveram presentes em suas reuniões.
As FARC são consideradas uma organização terrorista pelo governo da Colômbia,  dos Estados Unidos,   Canadá e União Europeia. Os governos de Equador, Bolívia, Brasil, Argentina e Chile  não lhes aplicam esta classificação. Hugo Chávez rejeitou publicamente esta classificação em  2008 e apelou à Colômbia como outros governos a um reconhecimento diplomático das guerrilhas enquanto "força beligerante", argumentando que elas estariam assim obrigadas a renunciar ao sequestro e atos de terror a fim de respeitar as Convenções de Genebra. Cuba e Venezuela adotam o termo "insurgentes" para as FARC.
A origem das FARC remontam as disputas entre liberais e conservadores na Colômbia, retratadas pela obra de Gabriel García Márquez "Cem Anos de Solidão", marcada por massacres, como o período da La Violencia. Em 1948, os liberais, com apoio dos comunistas, iniciam uma guerra civil contra o governo conservador. Após 16 anos de luta guerrilheira e a conquista de algumas reivindicações políticas, os liberais passaram a temer que a experiência cubana de 1959 se repetisse na Colômbia. Rompem com a esquerda e passam para o lado conservador.
Ao longo da história do grupo guerrilho, o Partido Comunista Colombiano teve relações mais próximas ou mais distantes com as FARC. Enquanto originaram-se como um puro movimento de guerrilha, a organização já na década de 1980 foi acusada de se envolver no tráfico de drogas, o que provocou a separação formal do Partido Comunista e a formação de uma estrutura política chamada Partido Comunista Colombiano Clandestino .
As FARC-EP continuam a se definir como um movimento de guerrilha. As FARC possuem entre 6000 a 8000 membros, uma queda de mais da metade dos 16 000 ha dez anos. As FARC-EP estão presentes em 15-20% do território colombiano. Segundo informações do Departamento de Estado dos Estados Unidos, as FARC controlam a maior parte do refino e distribuição de cocaína dentro da Colômbia, sendo responsável por boa parte do suprimento mundial de cocaína e pelo tráfico dessa droga para os Estados Unidos.
Egito

O marechal Abdul Fatah al Sisi obteve 96% dos votos nas eleições presidenciais realizadas no Egito, no mês de maio de 2014. Quase um ano  após o golpe que derrubou o presidente Mohammed Morsi, o ex-chefe do Exército Sisi venceu em uma eleição marcada por uma alta taxa de abstenção. Menos da metade dos eleitores foi às urnas. Essa eleição, porém, não foi transparente, afirmam analistas. Segundo dados não-oficiais divulgados pela imprensa egípcia, Sisi teria recebido 21 milhões de votos enquanto seu único adversário, Hamdeen Sabbahi, teria recebido entre 600 mil e 700 mil votos.
Shadi Hamid, pesquisador do instituto Saban Center, escreveu: “Não temos nenhuma maneira de verificar os dados do governo. Não houve nenhuma apuração paralela e não tinha um número suficiente de observadores internacionais”.
A vitória de al Sisi não surpreende em um país onde o governo sufoca as vozes dissidentes. A Irmandade Muçulmana, movimento ao qual pertencia o presidente deposto Mohamed Morsi, foi uma das primeiras vítimas da repressão.
Desde a queda de Morsi em julho de 2013, mais de 15 mil partidários do ex-presidente foram presos e 1.400 pessoas morreram. Militantes de movimentos estudantis e progressistas também estão censurados e sob constante ameaça das autoridades egípcias.
Espírito da Primavera Árabe perdeu espaço
A volta de um governo com forte influência dos militares contraria os objetivos da Primavera Árabe que tirou do poder, há três anos, Hosni Mubarak. “Não esperívamos ver essa configuração após as revoluções árabes de 2011”, diz Karim Bitar, diretor de pesquisa do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas. “Poucas pessoas imaginariam que, depois da queda de Mubarak, um novo faraó, um marechal, seria eleito com 96% dos votos sem ter apresentado um programa ou ter feito campanha”, avaliou Bitar.


Irmandade Muçulmana
O slogan inicial do movimento  era “o islamismo é a solução”, sendo que muitos analistas consideram a Irmandade como a precursora do islamismo militante moderno.
Ela tem origem na mesma seita islâmica radical wahabita, sunita, base da sociedade da Arábia Saudita e que inspirou a milícia islâmica do Taleban (que atua no Afeganistão e Paquistão) e a rede terrorista Al-Qaeda, criada por Osama Bin Laden.
Fundada no Egito em 1928 por Hassan al-Banna, a Irmandade lutava pela libertação do Egito do controle colonial britânico e de todas as influências ocidentais, que eram consideradas “corruptoras” dos costumes, da tradição e dos valores religiosos islâmicos. No Egito, a Irmandade é o mais antigo grupo de oposição, contando com amplo apoio popular. Atuando na ilegalidade durante a maior parte de  seus mais de 80  anos de existência, a Irmandade concorreu em eleições legislativas do Egito por meio de candidatos independentes ou com alianças a outros partidos. O braço político do grupo, o Partido da Justiça e da Liberdade, veio a ser legalizado no Egito depois do levante população - Primavera Árabe -  que forçou a queda de Hosni Mubarak , em fevereiro de 2011. Desde os anos 1970, a irmandade rejeita oficialmente todo o tipo de violência e se classifica como movimento “democrático”. No entanto, braços da Irmandade estiveram ligados a uma série de ataques no Oriente Médio até então e ainda hoje ela é acusada de incitar a violência. Recentemente o movimento foi banido na Rússia, onde é classificado como “grupo terrorista”.
O caráter religioso, que está no centro do poder do movimento (pois conta com amplo apoio dos muçulmanos), é também o principal foco de críticas à Irmandade. “Nos últimos séculos, Estados em todo o mundo têm buscado a laicização. A Irmandade vai no sentido oposto. O grande problema disso é o temor dos grupos minoritários, como os cristãos no Egito, de que um governo assim possa acabar levando a uma perseguição contra os não islâmicos”, afirmou  Marcus Vinicius de Freitas, coordenador do curso de Relações Internacionais da FAAP.  Segundo Freitas, a derrubada do presidente do Egito Mohammed Morsi , ligado à Irmandade Muçulmana, pode implicar numa perda de poder do movimento nos demais locais onde atua. “O Egito é o país mais populoso do Oriente Médio, um parâmetro econômico e cultural para toda a região.

A Ucrânia é um país da Europa Oriental  é o maior país totalmente no continente europeu.
A Ucrânia foi invadida, governada e dividida por uma variedade de povos,  até sua consolidação em uma república soviética no século XX. Tornou-se um Estado-nação independente apenas em 1991.
A Ucrânia é considerada o "celeiro da Europa". Em 2011, o país era o terceiro maior exportador de grãos do mundo.  Além disso, tem um setor industrial  bem desenvolvido, especialmente na área de aeronáutica e de máquinas.
O país é um Estado unitário composto por 24  (províncias), uma república autônoma (Crimeia) e duas cidades com estatuto especial: Kiev, a capital e maior cidade, e Sevastopol, que abriga a Frota do Mar Negro da Rússia sob um contrato de leasing. A Ucrânia é uma república sob um sistema semipresidencial com separação dos poderes legislativo, executivo e judiciário. Desde a dissolução da União Soviética, o país continua a manter o segundo maior exército da Europa, depois da Rússia. Mais de 70% dos 44 milhões da população são ucranianos étnicos. O restante, é composto por  russos (17%), bielorrussos e romenos. . O ucraniano é a língua oficial e o seu alfabeto é cirílico. O russo também é muito falado. A religião dominante é o cristianismo ortodoxo oriental.
O Euromaidan (Europraça)
O protestos começaram no final de 2013, quando os ucranianos exigiram maior integração do país com a União Europeia (UE).  As manifestações foram provocadas pela recusa do governo  em assinar um acordo de associação com a UE, que o presidente Yanukovych considerava desvantajoso para a Ucrânia. Com o tempo, o movimento Euromaidan  promoveu  grandes manifestações e agitações civis por todo o país, evoluindo  para a exigência da renúncia do governante.
A violência intensificou-se, quando o governo aplicou as leis antiprotestos a fim de reprimir os manifestantes. Estes, em resposta, ocuparam edifícios públicos do centro de Kiev, sendo que os tumultos deixaram 98 mortos e milhares de feridos.  Em 22 de fevereiro de 2014, o Parlamento ucraniano destituiu o presidente  Yanukovych por considerá-lo incapaz de cumprir seus deveres, definindo uma eleição para maio a fim de escolher novo governo.
Os resultados da eleição de 25 de maio de 2014 deram a vitória a Petro Poroshenko, que venceu com uma plataforma pró-União Europeia, ganhando com mais de 50% dos votos, e, portanto, sem a necessidade um segundo turno com Iúlia Timochenko. Poroshenko anunciou que suas prioridades imediatas seriam tomar medidas no conflito civil no leste da Ucrânia e reatar os laços diplomáticos com a Rússia.
Após o colapso do governo de Yanukovych e a revolução resultante, em fevereiro de 2014 uma crise de secessão começou na península da Criméia, território com significativa população russa. Em março de 2014, o presidente deposto da Ucrânia,  Yanukovich, pediu que a Rússia usasse forças militares "para estabelecer a legitimidade, a paz, a lei e a ordem para defender o povo da Ucrânia."  O líder russo,  Putin pediu e recebeu autorização da parlamento russo para enviar tropas militares na Ucrânia e acabou por assumir o controle da Criméia no dia seguinte.  Além disso, a OTAN foi rejeitada pelo população local. Isso pesou muito na decisão de Moscou de tomar medidas para proteger seu porto localizado no Mar Negro, na Crimeia.
Em 6 de março de 2014, o parlamento da Criméia aprovou a decisão de entrar para a Federação Russa,  e mais tarde realizou um referendo perguntando à população local se queria juntar-se ao território russo como uma unidade federal ou se queria restaurar seu status como parte da Ucrânia.  Embora tenha sido aprovada por uma esmagadora maioria, a votação não foi monitorada por terceiros e os resultados são contestados por vários países. Criméia e Sevastopol declararam formalmente a sua independência política sob o nome de República da Criméia e pediram que eles fossem admitidos como membros constituintes da Federação Russa. Em 18 de março de 2014, a Rússia e a Criméia assinaram um tratado de adesão da República da Criméia e de Sevastopol à Federação Russa, apesar da oposição da  Assembléia Geral da ONU.
Uma agitação popular também começou nas regiões leste e sul da Ucrânia. Nas cidades de  Donetsk e Lugansk, milícias locais ocuparam prédios do governo e delegacias policiais. Conversas em Genebra, na Suíça, entre a União Europeia, a Rússia, Ucrânia e os Estados Unidos produziram uma declaração diplomática conjunta referida como Pacto de Genebra de 2014, em que as partes solicitaram que todas as milícias  depusessem suas armas e desocupassem os prédios públicos tomados, além de estabelecer um diálogo político que poderia levar a uma maior autonomia para as regiões ucranianas.
Exercícios
1 - Qual é a posição do "Uribismo" diante dos entendimentos entre o governo colombiano e as FARC? Indique a origem do termo "Uribismo".
2 - Quem venceu as eleições na Colômbia. Analise o resultado dessas eleições  no que se refere aos acordos com as FARC.
3 - Qual é o projeto político das FARC? Cite suas principais fontes de financiamento.
4 - Como Venezuela e Cuba conceituam as FARC? E os Estados Unidos?
5 - Por que o texto utiliza a expressão faraó para identificar o presidente eleito do Egito?
6 - Qual é o projeto político da Irmandade Muçulmana?
7 - A Primavera Árabe não vingou no Egito. Explique essa afirmativa, tendo em vista os resultados da recente eleição presidencial.
8 - Para alguns analistas ocidentais, a ditadura militar no Egito é o menor dos males. Por quê?
9 - Identifique outros movimentos islâmicos semelhantes à Irmandade Muçulmana.
10 - Apresente o status político da Ucrânia até 1991.
11 - Indique a razão das manifestações que culminaram na deposição do presidente ucraniano Yanukovyc no inicio de 2014.
12 - Cite um motivo histórico da significativa presença de russos na Ucránia, especialmente na Criméia.
13 - A crise ucraniana, no final das contas, foi favorável a Putin, líder russo. Por quê?
14 - Qual foi o resultado do plebiscito feito na Criméia?

15 - Aponte a principal decisão do Pacto de Genebra, feito em 2014. Quais foram seus signatários?

Nenhum comentário: