Aula temática de
História
Colômbia,
Egito e Ucrânia - Eleições em 2014
Prof.
Newton Miranda
Colômbia
Nas eleições de 15 de junho de 2014, o presidente Juan
Manuel Santos conseguiu se reeleger presidente da república no segundo turno
com 50,94% dos votos. O líder conquistou 7.803.115 votos enquanto seu
adversário, Óscar Zuluaga, recebeu 6.903.813, cerca de 45% do total, conforme
informações oficiais.
Ao todo, 619.362 pessoas (4,03%) votaram nulo. O
voto não é obrigatório no país, e apenas 47% dos eleitores habilitados
compareceram às urnas. Mais de 32,9 milhões de votos eram esperados; foram
registrados 15,7 milhões.
Em Bogotá, os partidários de Santos saíram às ruas
em caravanas de carros para comemorar o resultado.
Zuluaga, do movimento uribista Centro Democrático, reconheceu sua derrota e
parabenizou o atual governante, Juan Manuel Santos, como ganhador do pleito.
"Devo, por convicção democrática em primeiro lugar, felicitar o presidente
Santos por seu triunfo", disse Zuluaga a seus partidários em um centro de
convenções de Bogotá. "Perdemos com honra, com integridade. [...] Estou
muito orgulhoso de ter sido o candidato do uribismo."
Liberal de centro-direita de 62 anos, Santos buscou
a reeleição defendendo o fim do conflito de 50 anos com as Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia (Farc), principal grupo rebelde da Colômbia, por
meio do diálogo. "Com paz faremos mais", afirmou o presidente em 13
de junho de 2014, quando anunciou o início de negociações com o Exército de
Libertação Nacional (ELN, extrema esquerda), segunda guerrilha do país, visando
alcançar "uma paz integral".
saiba mais
Zuluaga, que recebeu apoio do ex-presidente Álvaro
Uribe (2002-2010), tinha posição mais dura e defendia a ação militar contra os
rebeldes. O conflito já deixou mais de 220 mil mortos e cinco milhões de
deslocados.
Para Santos, o fim da insurgência permitirá
"liberar o potencial" da Colômbia e aumentar o investimento em saúde
e educação, mas, em especial, melhorará a vida dos mais desfavorecidos,
"os que estão morrendo nesta guerra", em um país onde um terço dos 47
milhões de habitantes são pobres, apesar de um crescimento superior a 4%.
O neoliberal Juan Manuel Santos governará até 2018 e com o apoio da esquerda. Os partidos, movimentos sociais,
sindicatos, artistas e intelectuais, que foram os mais críticos com Santos,
também impulsionaram sua vitória para evitar o retorno ao poder do chamado
'uribismo' - a linha do ex-presidente Álvaro Uribe.
De acordo com as últimas pesquisas de opinião, os dois candidatos estavam
empatados tecnicamente: Santos teria 47,7% das intenções contra 48,5% de
Zuluaga, aliado do ex-presidente Álvaro Uribe.A Irmandade Muçulmana é um grupo político e
religioso que atua em diversos países do Oriente Médio, Ásia e África,
defendendo que as regras do islamismo sirvam não apenas para ditar a forma de
vida dos fiéis, mas também para guiar a sociedade e o Estado. Além de lutar
para estabelecer a sharia (leis baseadas no Corão) como base para governos, a Irmandade
Muçulmana também objetiva unificar os países de população muçulmana.
Tanto os líderes da comunista União Patriótica como
a polêmica ex-senadora Piedad Córdoba, sempre perto da Venezuela chavista,
apoiaram Santos por meio da imprensa, das redes sociais e nas ruas com o lema
'Vote pela paz'.
Frio, pouco carismático e um apaixonado jogador de
pôquer, Santos chegou à presidência em 2010 disposto a seguir a receita de seu
antecessor, Uribe, mas se distanciou e escolheu outro caminho.
No primeiro turno, que ocorreu em 25 de maio,
Zuluaga foi o mais votado, com 29,25%, enquanto Santos recebeu 25,69%. Na
última etapa, 60% dos eleitores não comparecem às urnas.
FARC
Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo - é uma
organização auto-proclamada guerrilha revolucionária marxista-leninista, que
atua por meio de guerrilha. Apesar de não ser membro do Foro de São Paulo, que
congrega partidos de esquerda da América
Latina, as FARC já estiveram presentes em suas reuniões.
As FARC são consideradas uma organização
terrorista pelo governo da Colômbia,
dos Estados Unidos, Canadá e União Europeia. Os governos de
Equador, Bolívia, Brasil, Argentina e Chile não lhes aplicam esta classificação. Hugo
Chávez rejeitou publicamente esta classificação em 2008 e apelou à Colômbia como outros governos a um
reconhecimento diplomático das guerrilhas enquanto "força
beligerante", argumentando que elas estariam assim obrigadas a renunciar
ao sequestro e atos de terror a fim de respeitar as Convenções de Genebra. Cuba e Venezuela
adotam o termo "insurgentes" para as FARC.
A origem das FARC remontam as disputas entre liberais
e conservadores
na Colômbia, retratadas pela obra de Gabriel García Márquez "Cem Anos de
Solidão", marcada por massacres, como o período da La Violencia. Em 1948,
os liberais, com apoio dos comunistas, iniciam uma guerra civil contra o
governo conservador. Após 16 anos de luta guerrilheira e a conquista de algumas
reivindicações políticas, os liberais passaram a temer que a experiência cubana
de 1959 se repetisse na Colômbia. Rompem com a esquerda e passam para o lado
conservador.
Ao longo da história do grupo guerrilho, o Partido
Comunista Colombiano teve relações mais próximas ou mais distantes com as FARC.
Enquanto originaram-se como um puro movimento de guerrilha,
a organização já na década de 1980 foi acusada de se envolver no tráfico de
drogas, o que provocou a separação formal do Partido Comunista e a formação de
uma estrutura política chamada Partido Comunista Colombiano Clandestino .
As FARC-EP continuam a se definir como um movimento de
guerrilha. As FARC possuem entre 6000 a 8000 membros, uma queda de mais da
metade dos 16 000 ha dez anos. As FARC-EP estão presentes em 15-20% do
território colombiano. Segundo informações do Departamento de Estado dos
Estados Unidos, as FARC controlam a maior parte do refino e distribuição de cocaína
dentro da Colômbia, sendo responsável por boa parte do suprimento mundial de
cocaína e pelo tráfico dessa droga para os Estados Unidos.
Egito
O marechal Abdul Fatah al Sisi obteve 96% dos
votos nas eleições presidenciais realizadas no Egito, no mês de maio de 2014. Quase um ano após o golpe que derrubou o presidente
Mohammed Morsi, o ex-chefe do Exército Sisi venceu em uma eleição marcada por
uma alta taxa de abstenção. Menos da metade dos eleitores foi às urnas. Essa
eleição, porém, não foi transparente, afirmam analistas. Segundo dados
não-oficiais divulgados pela imprensa egípcia, Sisi teria recebido 21 milhões
de votos enquanto seu único adversário, Hamdeen Sabbahi, teria recebido entre
600 mil e 700 mil votos.
Shadi Hamid, pesquisador do instituto Saban Center, escreveu: “Não
temos nenhuma maneira de verificar os dados do governo. Não houve nenhuma
apuração paralela e não tinha um número suficiente de observadores
internacionais”.
A vitória de al Sisi não surpreende em um país onde o governo
sufoca as vozes dissidentes. A Irmandade Muçulmana, movimento ao qual pertencia
o presidente deposto Mohamed Morsi, foi uma das primeiras vítimas da repressão.
Desde a queda de Morsi em julho de 2013, mais de 15 mil
partidários do ex-presidente foram presos e 1.400 pessoas morreram. Militantes
de movimentos estudantis e progressistas também estão censurados e sob
constante ameaça das autoridades egípcias.
Espírito da Primavera Árabe
perdeu espaço
A volta de um governo com forte influência dos militares contraria
os objetivos da Primavera Árabe que tirou do poder, há três anos, Hosni
Mubarak. “Não esperívamos ver essa configuração após as revoluções árabes de
2011”, diz Karim Bitar, diretor de pesquisa do Instituto de Relações
Internacionais e Estratégicas. “Poucas pessoas imaginariam que, depois da queda
de Mubarak, um novo faraó, um marechal, seria eleito com 96% dos votos sem ter
apresentado um programa ou ter feito campanha”, avaliou Bitar.
Irmandade Muçulmana
O slogan inicial do movimento
era “o islamismo é a solução”, sendo que muitos analistas consideram a
Irmandade como a precursora do islamismo militante moderno.
Ela tem origem na mesma seita islâmica radical wahabita, sunita,
base da sociedade da Arábia Saudita e que inspirou a milícia islâmica do
Taleban (que atua no Afeganistão e Paquistão) e a rede terrorista Al-Qaeda,
criada por Osama Bin Laden.
Fundada no Egito em 1928 por Hassan al-Banna, a Irmandade lutava
pela libertação do Egito do controle colonial britânico e de todas as
influências ocidentais, que eram consideradas “corruptoras” dos costumes, da
tradição e dos valores religiosos islâmicos. No Egito, a Irmandade é o mais
antigo grupo de oposição, contando com amplo apoio popular. Atuando na
ilegalidade durante a maior parte de
seus mais de 80 anos de
existência, a Irmandade concorreu em eleições legislativas do Egito por meio de
candidatos independentes ou com alianças a outros partidos. O braço político do
grupo, o Partido da Justiça e da Liberdade, veio a ser legalizado
no Egito depois do levante população - Primavera Árabe - que forçou a queda de Hosni Mubarak , em fevereiro de 2011. Desde os anos 1970, a irmandade rejeita
oficialmente todo o tipo de violência e se classifica como movimento
“democrático”. No entanto, braços da Irmandade estiveram ligados a uma série de
ataques no Oriente Médio até então e ainda hoje ela é acusada de incitar a
violência. Recentemente o movimento foi banido na Rússia, onde é classificado
como “grupo terrorista”.
O caráter religioso, que está no centro do poder do movimento
(pois conta com amplo apoio dos muçulmanos), é também o principal foco de
críticas à Irmandade. “Nos últimos séculos, Estados em todo o mundo têm buscado
a laicização. A Irmandade vai no sentido oposto. O grande problema disso é o
temor dos grupos minoritários, como os cristãos no Egito, de que um governo
assim possa acabar levando a uma perseguição contra os não islâmicos”, afirmou Marcus Vinicius de Freitas,
coordenador do curso de Relações Internacionais da FAAP. Segundo Freitas, a derrubada
do presidente do Egito Mohammed Morsi , ligado à Irmandade Muçulmana, pode implicar numa perda de
poder do movimento nos demais locais onde atua. “O Egito é o país mais populoso
do Oriente Médio, um parâmetro econômico e cultural para toda a região.
A Ucrânia é um país da Europa
Oriental é o maior
país totalmente no continente europeu.
A Ucrânia foi
invadida, governada e dividida por uma variedade de povos, até sua consolidação em uma república soviética no século XX. Tornou-se um Estado-nação independente apenas em 1991.
A Ucrânia é
considerada o "celeiro da
Europa". Em 2011, o país era o terceiro maior exportador de grãos do mundo.
Além disso, tem um setor
industrial bem desenvolvido,
especialmente na área de aeronáutica e de máquinas.
O país é um Estado unitário composto por 24 (províncias), uma república
autônoma (Crimeia)
e duas cidades com estatuto especial: Kiev, a capital e maior
cidade, e Sevastopol, que abriga
a Frota do Mar Negro da Rússia sob um contrato de leasing. A Ucrânia é uma república sob um sistema semipresidencial com separação dos poderes legislativo, executivo e judiciário.
Desde a dissolução da União
Soviética, o país continua a manter o segundo maior exército da Europa, depois
da Rússia. Mais de 70% dos 44 milhões da população
são ucranianos étnicos. O restante, é composto por russos (17%), bielorrussos e romenos. . O ucraniano é
a língua
oficial e o seu alfabeto é cirílico.
O russo também é muito falado. A religião
dominante é o cristianismo
ortodoxo oriental.
O Euromaidan
(Europraça)
O
protestos começaram no final de
2013, quando os ucranianos exigiram maior integração do país com a União Europeia (UE).
As manifestações foram provocadas pela recusa do governo em assinar um acordo de associação com a UE,
que o presidente Yanukovych considerava desvantajoso para a Ucrânia. Com o
tempo, o movimento Euromaidan promoveu grandes manifestações e agitações civis por
todo o país, evoluindo para a exigência
da renúncia do governante.
A violência
intensificou-se, quando o governo aplicou as leis antiprotestos a fim de
reprimir os manifestantes. Estes, em resposta, ocuparam edifícios públicos do
centro de Kiev, sendo que os
tumultos deixaram 98 mortos e milhares de feridos. Em 22 de fevereiro de 2014, o Parlamento ucraniano destituiu o presidente Yanukovych por considerá-lo incapaz de cumprir
seus deveres, definindo uma eleição para maio a fim de escolher novo governo.
Os
resultados da eleição de 25 de maio de 2014 deram a vitória a Petro Poroshenko,
que venceu com uma plataforma pró-União Europeia, ganhando com mais de 50% dos
votos, e, portanto, sem a necessidade um segundo turno com Iúlia Timochenko. Poroshenko anunciou que suas
prioridades imediatas seriam tomar medidas no conflito
civil no leste da Ucrânia e
reatar os laços diplomáticos com a Rússia.
Após o
colapso do governo de Yanukovych e a revolução resultante, em fevereiro de 2014
uma crise de secessão começou na península da Criméia,
território com significativa população russa. Em março de 2014, o presidente
deposto da Ucrânia, Yanukovich, pediu
que a Rússia usasse forças militares "para estabelecer a legitimidade, a
paz, a lei e a ordem para defender o povo da Ucrânia." O líder
russo, Putin pediu e recebeu autorização
da parlamento russo para enviar tropas militares na Ucrânia e acabou
por assumir o controle da Criméia no dia seguinte. Além disso, a OTAN foi rejeitada
pelo população local. Isso pesou muito na decisão de Moscou de
tomar medidas para proteger seu porto localizado no Mar Negro,
na Crimeia.
Em 6 de
março de 2014, o parlamento da Criméia aprovou a decisão de entrar para a Federação
Russa, e mais tarde realizou um
referendo perguntando à população local se queria juntar-se ao território russo
como uma unidade federal ou se queria
restaurar seu status como parte da Ucrânia. Embora tenha sido aprovada por uma esmagadora
maioria, a votação não foi monitorada por terceiros e os resultados são
contestados por vários países. Criméia e Sevastopol declararam formalmente
a sua independência política sob o nome de República da Criméia e pediram que
eles fossem admitidos como membros constituintes da Federação Russa. Em 18 de
março de 2014, a Rússia e a Criméia assinaram um tratado de adesão da República
da Criméia e de Sevastopol à Federação Russa, apesar da oposição da Assembléia
Geral da ONU.
Uma
agitação popular também começou nas regiões leste e sul da Ucrânia. Nas cidades
de Donetsk e Lugansk, milícias locais
ocuparam prédios do governo e delegacias policiais. Conversas em Genebra,
na Suíça,
entre a União Europeia, a Rússia, Ucrânia e os Estados
Unidos produziram uma declaração diplomática conjunta referida
como Pacto de Genebra de 2014, em que as partes solicitaram que todas as
milícias depusessem suas armas e desocupassem os prédios públicos
tomados, além de estabelecer um diálogo político que poderia levar a uma maior
autonomia para as regiões ucranianas.
Exercícios
1 - Qual
é a posição do "Uribismo" diante dos entendimentos entre o governo
colombiano e as FARC? Indique a origem do termo "Uribismo".
2 - Quem
venceu as eleições na Colômbia. Analise o resultado dessas eleições no que se refere aos acordos com as FARC.
3 - Qual
é o projeto político das FARC? Cite suas principais fontes de financiamento.
4 - Como
Venezuela e Cuba conceituam as FARC? E os Estados Unidos?
5 - Por
que o texto utiliza a expressão faraó para identificar o presidente eleito do
Egito?
6 - Qual
é o projeto político da Irmandade Muçulmana?
7 - A Primavera
Árabe não vingou no Egito. Explique essa afirmativa, tendo em vista os
resultados da recente eleição presidencial.
8 - Para
alguns analistas ocidentais, a ditadura militar no Egito é o menor dos males.
Por quê?
9 - Identifique
outros movimentos islâmicos semelhantes à Irmandade Muçulmana.
10 -
Apresente o status político da Ucrânia até 1991.
11 -
Indique a razão das manifestações que culminaram na deposição do presidente
ucraniano Yanukovyc no inicio de 2014.
12 - Cite um motivo histórico da significativa presença de
russos na Ucránia, especialmente na Criméia.
13 - A crise ucraniana, no final das contas, foi favorável a
Putin, líder russo. Por quê?
14 - Qual foi o resultado do plebiscito feito na Criméia?
15 - Aponte a principal decisão do Pacto de Genebra, feito em
2014. Quais foram seus signatários?
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